terça-feira, 27 de agosto de 2013

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sábado, 10 de agosto de 2013

O Cotidiano dos Moradores de Canasvieiras e Região Norte da Ilha de Santa Catarina

Por José Luiz Sardá
Edição 20 / Jornal Floripa Norte

Entre 1748 e 1756 com a chegada de 6.000 colonizadores açorianos começaram a desenvolver-se nas Freguesias do interior da velha Desterro as atividades sociais e econômicas. A partir daí, estes imigrantes ocuparam as diversas freguesias e arraiais da ilha: Ao norte as de Canasvieiras, Santo Antônio de Lisboa e São João do Rio Vermelho. Em 1823 Desterro foi elevada à categoria de cidade, tornando-se capital da Província de Santa Catarina. Naquela época a economia era voltada a subsistência de seus habitantes.
A pesca artesanal e a agricultura eram expressivas. Houve períodos de abundância comercial, em função das atividades portuárias, alfandegárias e do comércio de cabotagem, oriundo das safras da pesca e das colheitas das roças do continente e das freguesias do interior da Ilha. Na freguesia de Canasvieiras e arraiais circunvizinhos, nativos pescavam e labutavam nas roças e pastagens. Os pescadores após um dia no mar voltavam para suas casas com olhares de satisfeitos, trazendo nas mãos cambulhões de peixes frescos e pensando na arrumação da criação e do gado ao abrigo da noite.

As mulheres quando a maré baixa favorecia desciam as praias e junto aos costões repletos de mariscos desde a Ponta do Rapa até a ponta Grossa, apanhavam e enchiam seus samburás com este precioso molusco. Cavalos arreados eram utilizados pelos homens para percorrer longos caminhos pelos arraiais. Usavam carroças, carros de bois e charretes que serviam para o transporte diário do peixe e produtos hortifrutigranjeiros até o mercado público. Assim era o cotidiano dos pescadores e agricultores das freguesias no interior da Ilha.

Essa gente vivia num ambiente bucólico entre morros, campos, caminhos, pastagens, áreas alagadas, vielas, picadas, trilhas íngremes, plantações de cafezais, bananeiras e lindos laranjais. Muitos moravam em vistosos casarios luso-brasileiros, casas térreas de alvenaria com seus telhados coloniais de cores vivas. Armazéns de secos e molhados, vendas, engenhos, casebres de pau a pique feitos pelas mãos dos pobres nativos. Casas rurais com janelas e portas, cujos donos eram proprietários de plantações de café, mandioca, cana-de-açucar e milho. A hospitalidade, a simpatia, a sinceridade, o sotaque e o linguajar rápido era uma marca do povo ilhéu.

Contavam-se estórias e lendas de lobisomens, bruxas e aparições de fantasmas, que surgiam no clarão da lua cheia. Falava-se que nos caminhos sombrios e escuros, quem tinha medo não se arriscava a passar por lá, pois o assoviar do vento e farfalhar das folhas nas bananeiras, nos espinheiros, milharais e cafezais formavam sombras assustando os medrosos. Afirmavam que apareciam assombrações na antiga Estrada Real, conhecido pelo nome morro do Maurício, atual Leonel Pereira que liga Cachoeira do Bom Jesus a Ingleses.

Na religiosidade, pregava-se o culto ao Divino Espírito Santo e ao Senhor dos Passos e a tradicional festa do Bom Jesus. As devotas durante as noites com seus rosários em mãos reuniam-se em suas casas para a reza do terço e novenas. A procissão de Corpus Christi era celebrada com missa e procissão. O átrio das igrejas e as estradas eram ornamentados com tapetes de flores à adoração ao Santíssimo Sacramento. Nas comunidades pesqueiras em fevereiro era realizada a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, protetora dos Pescadores.

Na herança cultural os Ternos de Reis, as benzeduras, as receitas homeopáticas, supertições e a mitologia ilhoa de Franklin Cascaes. Na literatura o Pão-por-Deus, provérbios e expressões típicas, o artesanato, a culinária, musicalidade, a produção artesanal da cachaça e cestarias em bambu e cipó. As tradicionais manifestações artísticas, culturais de danças e folguedos populares, como o boi-de-mamão, pau-de-fita, a ratoeira e o camcubi, envolviam os arraiais das Freguesias desde São João do Rio Vermelho, Lagoinha até a Ponta Grossa. Outro folguedo tradicional e polêmico do ilhéu é a farra-do-boi, que acontece na semana que antecede a Páscoa.
A brincadeira consiste em soltar o boi xucro em campo aberto ou em mangueirões e os farristas passam a excitá-lo ao enfrentamento. Atualmente está proibido por lei em Santa Catarina.
Nas festas de São João, famílias se reuniam e faziam lindas fogueiras e distribuíam guloseimas, rapaduras e pinhões. Imagino a felicidade das pessoas assistirem o espocar dos foguetes, a alegria e algazarra das crianças soltando busca-pés deixados abaixo de uma lata, aflitos esperando o estouro e estardalhaço deste artefato.

Em outubro de 1845 quando da visita que Dom Pedro II a freguesia de Santo Antônio de Lisboa para conhecer a Igreja Nossa Senhora das Necessidades construída entre 1750 e 1756, conta-se que estava programada a visita do Rei a Freguesia de Canasvieiras. A população local dos arraiais circunvizinhos aguardava com expectativa a nobre visita, mas devido uma tempestade acabou não acontecendo. Esta visita era para conhecer o povoado e a Igreja de São Francisco de Paula, padroeiro desta comunidade. Para a passagem do Rei foi feita uma picada entre a praia e igreja, a qual originou o nome Caminho do Rei, atual José Bahia Bittencourt. Há anos um projeto de lei municipal mudou o nome desta rua, ignorando sobremaneira aspectos históricos e relevantes a memória de Canasvieiras.

Quando falecia um ente querido, tinha-se o costume de realizar o velório na sala de visita por longas horas, para que desse tempo dos amigos e familiares distantes chegar para o último adeus. O caixão mortuário era feito por marceneiro amigo da família. Assim o féretro seguia caminho na lentidão do rodado e do chiado sobre o estrado do carro de boi, que fora cuidadosamente enfeitado pelas mulheres com fazenda preta e protegido do sol, com finas estacas de bambus arcados, para ser sepultado no cemitério da Igreja de São Francisco de Paula. Nele estão sepultados os entes queridos de famílias tradicionais destas freguesias. Exímios carpinteiros com habilidade e destreza faziam engenhocas, peças de engenhos, baleeiras e canoas esculpidas no tronco de garapuvu.

A pesca da tainha era uma festa, todos corriam a praia para ver os lanços de rede. Sentados nos cômoros de areia ou nas dunas, reuniam-se compadres e comadres das circunvizinhanças. Rapazes e raparigas dos arraiais enamoravam-se nas praças, nas festas de igreja, nos engenhos de farinha, ou bailando e ouvindo cantigas de amor nas domingueiras. Neste ambiente festivo eles se flertavam e começavam o namoro. Alguns pais não permitiam o namoro por serem jovens ou parentes próximos. Mas reconhecia que o pretendente era de boa família, honesto, ladino e trabalhador. Diante da discórdia do pai, a filha recorria à ajuda da mãe, que com insistência conseguia o consentimento dele.

Sem o consentimento dos pais, os enamorados faziam a fuga matrimonial. Esta estava associada às proibições dos cônjuges que tivessem alguma proximidade parental, pois ambos eram primos de primeiro ou segundo grau. Acontecia durante a noite, em horário e local previamente combinado pelos cônjuges. As mulheres eram levadas a morar com a família do marido e assim uniam-se. Passado algum tempo realizavam o casamento perante um juiz de paz ou no religioso. Após este acontecimento, o casal retornava para sua comunidade onde eram reconhecidos por todos como casados. Geralmente na partilha dos bens as mulheres não recebiam a herança de sua família, mas ganhava a herança do marido e os filhos desta união não levavam o sobrenome materno. Se a mulher “morresse de família”, isto é, durante o parto e viesse a ter filho, este não ficava com o marido ou com a família dele.

Assim casamentos e batizados eram realizados nas Igrejas das Freguesias. Para a festa de casamento eram convidados parentes próximos do lugar, amigos da roça e da pesca do noivo e da noiva, compadres e comadres. Enquanto na igreja era realizada a cerimônia matrimonial, familiares dos noivos ficavam em casa preparando o banquete.

domingo, 4 de agosto de 2013

Utilidade pública



Pesquisa Indica Filtro de Barro Brasileiro Como Mais Eficiente do Mundo

Nós, brasileiros, temos provavelmente o melhor sistema de filtragem de água nas mãos, há muito tempo, e nem mesmo sabíamos disso. Pesquisas norte americanas apontaram que os filtros tradicionais de barro com câmara de filtragem de cerâmica são muito eficientes na retenção de cloro, pesticidas, ferro, alumínio, chumbo (95% de retenção) e ainda retem 99% de Criptosporidiose, um parasita causador de doenças.

Essas conclusões são baseadas nas pesquisas demonstradas no livro The Drinks Water Book, de Colin Ingram, ótima referência para pesquisas sobre sistemas de filtragem de água.

As pesquisas revelam que s sistemas mais eficientes são baseados na filtragem por gravidade, onde a água lentamente passa pelo filtro e goteja num reservatório inferior, justamente como são os filtros de barro no Brasil. Esse sistema mais ‘calmo’ de filtrar a água garante que microorganismos e sedimentos não passem pelo filtro devido a uma grande pressão exercida pelo fluxo de água.

Essas conclusões levam a crer que quando um filtro de água sofre uma pressão devido ao fluxo da água da torneira ou da tubulação, o processo fica prejudicado, pois a pressão sobre o conjunto faz com que microorganismos, sedimentos ou mesmo elementos químicos como ferro e chumbo passem pelo sistema chegando ao copo do consumidor.

Por fim a pesquisa revela também que muitas das tecnologias que são lançadas no mercado não tem muita utilidade, pois, em geral não impedem que elementos perigosos como o Fluor ou Arsenio passem pelo processo de filtragem, assim sendo suficiente a compra de um filtro simples de gotejamento e cerâmica.

Assim é sempre bom ficarmos atentos na compra de produtos que são importantes a nossa saúde e, sempre analise bem o produto de acordo com a sua real necessidade.

Fonte: MetaEfficient