terça-feira, 1 de março de 2011

Entrevista: Ana Echevenguá, do Instituto Eco&Ação

Fonte: Portogente

“Estão matando a galinha dos ovos de ouro”, reclama ambientalista sobre poluição no litoral catarinense

Vera Gasparetto
de Florianópolis/SC


Portogente repercutiu com Ana Echevenguá, advogada ambientalista e coordenadora do Instituto Eco&Ação, a situação da balneabilidade das praias do litoral de Santa Catarina, mais especificamente de Florianópolis, e o papel do poder público em pensar políticas públicas sobre o turismo. “Estão matando as galinhas dos ovos de ouro”, diz ela.

Portogente – Qual a sua opinião sobre as políticas públicas de turismo em Florianópolis nesse momento de alta temporada?
Ana Echevenguá - Não consigo vislumbrar qualquer política pública nesse sentido. Vejo investimento em publicidade para chamamento do turista, mas não investimento em infraestrutura básica para recepcionar o turista.

Portogente – Na sua visão estão corretas as prioridades da gestão do turismo em Florianópolis?
A prioridade do turista, e também do nativo, é a saúde, a qualidade de vida. Após a enchente de janeiro de 2011, Canasvieiras (Norte da Ilha) teve 15 mil atendimentos médicos devido à virose provocada pela água imprópria para banho, diagnosticada nos seis pontos monitorados pela Fatma.
O turista vem pra cá e quer sombra e água fresca... Cortaram nossas árvores e poluíram a água. Estão matando a galinha dos ovos de ouro.

Portogente – Sobre o turismo e a situação da balneabilidade das praias de Florianópolis, quais deveriam ser as providências do poder público?
Eu vejo isso como um caso de saúde pública que exigiria a interdição das praias impróprias para banho. Temos um documento público, elaborado por um órgão estatal comprovando a falta de balneabilidade da praia. Esta é prova suficiente para impedir o acesso a ela. Mas, ao contrário, ainda chamam mais pessoas, com propaganda enganosa, para ocuparem esse espaço insalubre. Então, curto prazo: rescindir o contrato com a Casan e provocar um processo de licitação. Médio prazo: começar a despoluição da água e solo. Longo prazo: investir em educação ambiental para que cada contribuinte seja fiscal do saneamento básico.

Portogente – Qual deve ser o papel do movimento ambiental para buscar o equilíbrio entre turismo e meio ambiente?
A indústria do turismo, assim como qualquer outra, deve agir pautada pelas regras da sustentabilidade, porque o meio ambiente é nosso, é de todos. O movimento ambiental, como a sociedade civil, deve se organizar para exigir o seu direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado porque este garante a nossa sadia qualidade de vida.

4 comentários:

Anônimo disse...

Dário Berger diz que Casan joga esgoto no mar e ameaça descaso da companhia com pesadas multas
Carlos Damião
@Damiao_ND
Florianópolis

"Se a Casan cumprir rigorosamente com o contrato que assinou com a prefeitura, não vai ter multa, não vai ter problema, reclamação, nada. O que nós não podemos permitir é que, em pleno século 21, as estações da Casan não funcionam, ficam jogando ainda cocô na água do mar. Não podemos permitir, é uma vergonha. A prefeitura deve adotar ação mais forte, mais rigorosa, porque me parece que as coisas só funcionam quando é na base da pressão, na base de sentir no bolso, da garra, da determinação". Esse impressionante desabafo do prefeito Dário Berger foi veiculado na manhã de terça-feira (1/3), pela rádio Guarujá. E é a síntese de um sentimento geral da população de Florianópolis, que vem perdendo qualidade de vida em inúmeras questões de seu cotidiano e chega a ter 50% da balneabilidade de suas praias comprometida pela falta de tratamento de esgotos.

Anônimo disse...

A gente não tem mais nem palavras pra traduzir tamanha incompetência dessa concessionaria.
Às vezes nos sentimos impotentes, sem saber a quem recorrer, o tempo passa e nada é feito, não adianta ações, abaixo assinados, cartas para jornais, manifestãçoes em blogs, clamor público, NADA...NADA....
A advogada ambientalista tem toda a razão. É de se tomar atitudes mais drásticas, que façam efeito.Interditar as praias nesta situação seria o caminho.

Mariana disse...

Tem como entrar no Procon estadual e reclamar a taxa de esgoto?
Não seria o caso de o contribuintee não pagar, já que o serviço não é prestado?

Mariana

Cássia disse...

Muito boas as iniciativas propostas pela ambientalista. A curto, médio e longo prazo. Trocar a atual concessionária por outra prestadora que seja competente, despoluir mar, rios e solo e ao mesmo tempo, conscientizar a população.

Cássia